Monthly House View - Novembro de 2023 - Download aqui
Enquanto a guerra na Ucrânia se arrasta, os ataques do Hamas em Israel no dia 7 de outubro, 50 anos após o início da guerra do Yom Kippur, surpreenderam por não terem sido previstos pelo governo israelense. Em um mundo cada vez mais dividido, esta nova guerra sepultou definitivamente os Acordos de Oslo, assinados há 30 anos, e que deviam garantir uma nova era de paz entre Israel e Palestina.
O ataque também aconteceu no dia do aniversário de Vladimir Putin, que certamente tentará utilizar este conflito para fazer sentir sua presença na arena geopolítica. Na verdade, ao fortalecer a frente ocidental, essa guerra acaba por acelerar a polarização e coloca a atenção da comunidade internacional na Ucrânia em segundo plano.
Na verdade, esse novo conflito pode colocar os Acordos de Abraão em xeque, justamente no momento em que Israel e Arábia Saudita estavam prestes a assinar um tratado de paz, deixando entrever uma nova organização do Oriente Médio. Por outro lado, os norte-americanos sempre tiveram dificuldades em administrar vários conflitos externos em simultâneo. À medida que as eleições presidenciais do país se aproximam, já no ano que vem, a situação parlamentar ficou complicada após o histórico impeachment de Kevin McCarthy, presidente republicano da Câmara dos Representantes. Embora o shutdown tenha sido evitado no curto prazo, a ajuda para a Ucrânia está tecnicamente suspensa. Além dos 43,9 bilhões de dólares de ajuda norte-americana desde o início do conflito na Ucrânia (o que equivale a 4% do orçamento da defesa), a Casa Branca afirma que ainda são necessários 60 bilhões de dólares para apoiar o país.
A última pesquisa disponível mostra como os norte-americanos estão cada vez mais divididos quanto à ajuda à Ucrânia. Isto é particularmente marcante entre os eleitores republicanos, com mais de 60% dos quais questionando as despesas já realizadas desde o início do conflito. Neste contexto, podemos imaginar que, agora, a prioridade será dada a Israel.
Qual é o impacto no mercado?
Tradicionalmente, sempre que há tensões geopolíticas, os investidores tendem a recorrer a portos seguros como o ouro, iene, franco suíço e títulos de dívida pública de melhor classificação. Foi o que se viu, principalmente em relação ao ouro, nos primeiros dias após o ataque. É comum os conflitos no Oriente Médio gerarem volatilidade e tensão nos preços de energia, já que a região é um grande exportador de combustíveis fósseis e com importantes vias de navegação, como é o caso do Estreito de Ormuz. O mercado deverá permanecer focado no risco de energia. Os preços do gás e do petróleo poderão permanecer sob tensão e, com a proximidade do inverno no hemisfério norte, apresentar volatilidade. Os riscos para o crescimento global podem se concretizar se Israel entrar em conflito direto com o Irã, fazendo subir o preço do petróleo bem acima de 100 dólares por barril. A extensão do conflito não é o nosso cenário.
Para saber mais sobre nossas análises, deixo o convite para a descoberta desta edição, que analisa especialmente as consequências dessa crise nos preços do petróleo e a menor dependência que nossa economia tem do ouro negro.
Monthly House View, 20/10/2023 - Excerto do Editorial
02 novembro 2023